
Cultura do “parto pronto” utiliza técnicas desnecessárias
(Foto: Pixabar/Domínio Público)
O parto atualmente é tratado como evento médico. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 84% dos partos na rede particular são cesarianas. Esse número cai para cerca de 40% na rede pública. Em Maringá, o grupo de apoio Maternati incentiva e informa mães sobre o parto que melhor se adeque às necessidades físicas e psicológicas delas e dos bebês.
Procedimentos como a episiotomia (corte cirúrgico feito na região do períneo), aspiração das vias respiratórias e colírio de nitrato de prata aplicados em recém-nascidos, são necessários só em casos específicos, porém acabam rotineiros nos hospitais.
O parto humanizado é visto por muitos como retrocesso e alvo de preconceito
Por falta de informação as mães acreditam na necessidade desses procedimentos e acatam a vontade médica, ou por estarem vulneráveis, são obrigadas a passar por algo que não queriam, sofrendo sequelas físicas e emocionais permanentes.
O grupo de apoio Maternati, de Maringá, acolhe as mães e famílias e informa, a partir de estudos científicos, sobre os procedimentos e as técnicas, ajudando na escolha consciente do melhor parto para o casal. Para psicóloga e doula Mayara Coutinho, 24, coordenadora do grupo junto com Renata Frossard, 36, e Daniela Toledo, 22, ainda é muito forte a cultura da incapacidade da mulher de decidir pelo parto natural e o grupo, segundo Mayara, é “um espaço de acolhimento para encontrar pessoas que pensam muito parecido”. As psicólogas dão assistência as mães desde a gestação e parto até no desenvolvimento do bebê.
Pamela Franco Marani, 22, mãe de Arthur, 1, conheceu o grupo quando procurava informação sobre o parto humanizado. Pamela escolheu o parto domiciliar e foi acompanhada por quatro enfermeiras obstetras, por Mayara e pelo marido, Tales. “Tive liberdade sobre o meu corpo e o meu parto, que eu acho que não seria possível em outra situação. ”

Pamela, com o marido Tales e o filho Arthur. A escolha foi pelo parto em casa (Foto: arquivo pessoal)
O parto humanizado é visto por muitos como retrocesso e alvo de preconceito. Deacordo com Pamela, as pessoas “diziam coisas do tipo ‘você vai matar seu filho’ ou ainda ‘pega esse dinheiro e paga um médico para fazer cirurgia’’’.
Porém, a atenção e apoio dados por profissionais e pessoas queridas são de extrema importância para a gestante. “Tornaram essa experiência tão intensa em algo tão bom e transformador ”, afirma Pamela.