Malhação, dietas, plásticas e mais malhação. É pouco provável que exista uma pessoa que nunca se sentiu desconfortável ao olhar-se no espelho, e mais improvável ainda quem nunca pensou em esticar um pouquinho aqui, tirar um excesso ali, definir isso ou aquilo. A ditadura da beleza faz parte e nos move todos os dias.
Refletir sobre o corpo mostrou-se ser um fator de suma importância hoje, levando em consideração que o assunto não ocupa apenas um espaço na sociedade, mas também e acima de tudo, ocupa os pensamentos, emoções e a forma de vida das pessoas. E isso é muito relevante.
De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps, sigla em inglês), o Brasil superou os EUA e hoje é o líder mundial em número de procedimentos dessa natureza. Somente em 2013 o país realizou 1,49 milhão de operações, deixando os EUA em segundo lugar no ranking com 1,45 milhão, seguido do México em terceiro, com 486 mil cirurgias.
As estatísticas revelam que o país não é somente o líder mundial em plásticas, mas líder também em altos índices de rejeição ao próprio corpo.
Vivemos sob a ditadura da beleza e nela, os magros e sarados dão as cartas
Fazemos parte de uma sociedade de consumo e de maioria capitalista. A mídia tornou-se a principal aliada e difusora de uma imagem construída a partir de valores socialmente estabelecidos e muitas deturpados. E o pior, é quem dita os costumes, os padrões de beleza, aliena e corrompe. Dita a vida e como vivê-la. Vivemos sob a ditadura da beleza, e nela os magros e sarados dão as cartas. E quanto aos que estão “fora do clube” só existe uma solução: adeque-se ou estarás fadado a viver à margem da sociedade, à exclusão, e de brinde uma pitada de bullying diário, só para sair da rotina. Simples assim.
O fato de querer estar bonito (a), elevar a autoestima e sentir-se bem não é pecado ou um absurdo. Muito menos a escolha de não querer seguir os padrões impostos pela sociedade e pela mídia. O grande problema está nos excessos, na maneira, importância e espaço que isso ocupa na vida de quem procura a beleza.
Padrões estéticos mudam e o que é belo hoje talvez não seja o belo de amanhã. A beleza é subjetiva, é aquilo que agrada não que destrói. A beleza exterior só pode ser alcançada e percebida de forma efetiva se o interior de quem a deseja estiver em paz consigo mesmo. Afinal, a beleza verdadeira está nos olhos de quem vê.